CHICO DA MATA,
pseud.. de Francisco Nelson Filho
"Chico da Mata é o pseudónimo literário de Francisco Nelson Filho, natural do município de Alto Longar, no Piauí, 1918. Filho de lavradores, chegou a ser alfabetizado pelo padrinho, matriculando-se, em seguida, na Escola Municipal do lugarejo. Sua escolaridade, todavia, como ele mesmo informa, vai só mesmo até o paleógrafo que leu dois livros.
Inteligente, conseguiu aprender a ler muito bem, o que lhe garantiu o privilégio do auto-didatismo e da auto-formação cultural" [...].
A ensaísta cita alguns trechos dos improvisos de Chico da Mata, como esta tirada autobiográfica:
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
[...]
Sou romântico trovador
Também sou muito feliz
Coração não envelhece
Mentira de quem o diz
Quando se sente infeliz
[...]
Sua fonte de inspiração é sempre o amor, a natureza e a mulher. Dinacy Corrêa cita como exemplo estas estrofes:
[...]
O amor é sempre risonho
Mesmo que se ande tristonho
O sonho é sempre dulçor
E o viver enfadonho
Quem ama vive de sonho
uem sonha morre de amor
[...]
[...]
Tu tens dito que me amas
Eu não posso acreditar
Andei no teu coração
E fiquei a imaginar
Que lá já tem tanta gente
E eu não encontrei lugar
[...]
Supl. Cult. e UL JP Guesa Errante: Anuário I São Luís (MA) n.5 - 2007
[...]
Vou procurar outro amor
Da forma que me convém
Um coração terno e puro
Que me ame e queira bem
Que não seja igual a ti
Que nunca amou a ninguém
[...]
Em outros momentos, o poeta deixa fluir a sua vida introspectiva e se torna filosófico:
[...]
Quando nos chega a velhice
Cansaço e dores tenazes
Verdade que dilacera
O coração dos mortais
E saber que a primavera
Da vida não volta mais
[...]
[...]
Como em ondas o mar sofredor
Vai deixando seu pranto na areia
[...]
[...]
Vai-se o tempo e a vida corre
Vem a morte sem demora
Com seu açoite o destino
Fustiga os corcéis da aurora
E num carro purpurino
Arranca o sol para fora
[...]
Fique calado e não diga
Eu isto não vou fazer
Nunca diga eu desta água
Jamais terei de beber
Ninguém sabe onde desagua
A sorte no seu correr
[...]
[...]
Não odeie o que quer mal
Não despreze o que quer bem
Não há valor que confira
Merecimento a alguém
Como o despeito não tira
O valor de quem o tem
[...]
(Jornal Pequeno, Pequeno Suplemento. Nossa Cultura Popular, 18 e 25/ 07/82 e 01 e 08/08/82, p. 05)
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Página publicada em abril de 2021
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